Meu Primeiro Dia No Caminho Da Fé, Águas Da Prata SP, Até Andradas MG - 32 km
Até que enfim o dia de iniciar a minha primeira peregrinação chegou, depois de mais de um ano planejando e pensando em todo momento no Caminho da Fé.
Então, me levanto as 5:00hs, dormi bem na medida do possível, mesmo com toda ansiedade, conheci alguns ciclistas, bicigrinos que estavam se preparando para iniciar o caminho.
Conheci também, mais dois peregrinos que como eu estavam sozinhos, a Sádina que por várias oportunidades caminhamos juntos e um ultramaratonista que não me recordo o nome, ele tinha planejado caminhar 40 km por dia.
Então tomei meu café, peguei minha mochila, o cajado e a credencial que adquiri ali mesmo na pousada do Casarão, e parti.
Mochila nas costas, cajado na mão e pedindo a proteção de Nossa Senhora, inicio o Caminho da Fé em Águas da Prata sentido a Andradas.
A primeira plaquinha indicando que a Basílica de Nossa Senhora, esta a 316 km
Saindo da pousada do Casarão, eu e o ultramaratonista, logo chegamos no caminho onde bastante peregrinos estão iniciando também, um grupo aqui outro ali, um sozinho aqui, outro ali, caminhei bem pouco com o maratonista, que me disse que iria adiantar o passo para cumprir seu objetivo de 40Km, então o desejei bom caminho e assim ele foi sumindo na minha frente.
Logo chego na plaquinha marcando 316, que é a distância que falta para chegar até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
Minha primeira peregrinação iniciada, com as bênçãos de Deus e Nossa Senhora
Já acostumado a fazer longas caminhadas sozinho, ali eu estava, curtindo o estradão, as paisagens e vendo a cidade de Águas da Prata ficando para trás.
Nesse inicio, o grupo que tinha visto lá na saída da pousada também foi ficando para trás, muitos bicigrinos e até ciclistas da região vão passando por mim e desejando bom caminho, desejo o mesmo a eles e vou caminhando.
Logo um caminhante peregrino também, vem se aproximando passa por mim, conversamos um pouco e ele segue com seu ritmo mais acelerado.
Então vou seguindo com meu cajado, nesse momento só com uma fitinha, no lindo caminho da Fé.
Cajado, a única companhia de alguns dias no Caminho da Fé
Chego na primeira capela, uma bela igrejinha a beira da estrada, não sei o nome do santo que ela representa, mas parei para tirar umas fotos e tomar uma água.
Igrejinha no Caminho da fé, Águas da Prata
O caminho estava muito movimentado de bicigrinos e peregrinos, rumo a Basílica de Aparecida, encontro a primeira subida pesada, escutamos tanto falar das principais serras, mas tem muitas subidas entre essas serras que são bem duras, mas cada um no seu ritmo, vai de boa.
Nesse momento encontro um grupo de ciclistas sem apoio, enfrentando a ladeira também, mochilas nas costas ou na bike como nós peregrinos sem apoio, indo na Fé e na raça.
Bicigrinos, ciclista subindo o morro rumo a Basílica de Aparecida no caminho da Fé, entre Águas da Prata - SP e Andradas - MG
Passam por mim, me cumprimentam e vão seguindo morro acima, alguns descem da bike e vão empurrando a bicicleta.
Nesse momento, vejo um peregrino distante bem atrás vindo, vou subindo e observando aquele caminhante aos poucos chegando mais perto, ele estava em um ritmo bem mais acelerado que o meu, logo me alcançou.
Esse peregrino era o seu Alcides, um senhor de 85 anos, que tinha feito o caminho em Fevereiro e voltando agora em Julho de novo, caminhamos parte do caminho juntos e ele me contou, que caminhar é o Hobby dele e que gosta muito do caminho da Fé, e quando da vontade ele volta.
Seu Alcides, corredor Maratonista, morador de São Paulo, também iria fazer o caminho em 9 ou 10 dias, uma média de 40 e poucos km por dia, uma máquina de caminhar, rsrsrs
No final desse morro encontramos os ciclistas que estavam descansando, onde seu Alcides pediu para tirarmos uma foto junto com os ciclistas, essa selfie não tenho pois esta no celular dele.
Um senhor de 85 anos fazendo mais uma vez o caminho da Fé, 2 vezes esse ano, Fevereiro e Julho 2022.
Continuamos a caminhada juntos e seu Alcides me falou de uma capela de ferro, fiquei imaginando, como seria essa capela, sabia que no caminho tinha muitas capelinhas e grutinhas dedicadas para alguns santos.
Então chegamos em uma pequenina capelinha na entrada da Ponte de Pedra.
Capela de ferro, uma capelinha na entrada da ponte de pedra, Caminho da Fé, Águas da Prata
Cheguei na ponte de pedra, um lindo lugar com muita água descendo da mata e das pedras, criando pequenas cachoeiras, onde os peregrinos param para se refrescar, descansar um pouco e repor as energias, foi o que fiz, aproveitei para comer uma banana e tomar água.
Nesse local encontro muitos peregrinos e bicigrinos, entre eles a Sádina que conheci na pousada do Casarão, o Amador, o Antônio, entre outros, aproveitei para pedir para a Sádina tirar uma foto minha e dali continuar a minha peregrinação.
Ponte de Pedra, cachoeirinha no Caminho da Fé, Águas da Prata
De agora para frente vem aquele velho ditado do Caminho da Fé: "Você inicia o caminho só, mas não termina só"
Bora seguir no Caminho da Fé, logo chega mais uma pesada subida, vou subindo de boas e la no meio da subida, percebo alguém vindo com dificuldades, vindo bem devagar e parando por várias vezes, isso me impedia de caminhar, pois eu não poderia seguir enfrente e deixa-la para trás.
Eu estava bem mais a frente dela, mas podia ve-la com dificuldades parando, para tomar fôlego.
Então diminui meu ritmo e fui bem devagar para não perde-la de vista, pois naquele trecho estavam só nós dois, fiquei com medo dela passar mal.
Parei e aos poucos ela veio me alcançando naquele morro, era a Sádina.
O caminho da Fé é difícil para todos nós, devagar e no nosso tempo a gente chega
E ela me disse: "Eu não vou conseguir, estou pensando em desistir, não sei se consigo chegar até a pousada"
Eu disse: "Vamos de boa, vou te acompanhando, devagar também chega".
Logo vencemos aquele morro e fomos seguindo até chegarmos na Capelinha de apoio, Capela Sagrado Coração de Jesus, mas as subidas não acabaram não.
Capela Sagrado Coração de Jesus, Caminho da Fé
Ali ela parou para descansar, repor as energias e disse que doaria algumas coisas da mochila, pois a mochila estava muito pesada, nas capelinhas muita gente deixa coisas para trás, mas acabou que não, pois iria precisar.
Então dali para frente parti sozinho de novo, pois o caminho é assim, hora estamos acompanhado, hora só, ela iria ficar um tempo ali pra dar uma boa descansada, antes lá atrás ela me disse que não queria me atrapalhar.
Imagina, estamos aqui para chegar em um objetivo, ajudar na maneira do possível, não importa o tempo.
Mas logo não estou mais sozinho, encontro o Amador, o menino Gabriel, mais um pessoal de um grupo que eu encontrei lá na ponte de pedra, a caminhada fica mais animada, estou acostumado a fazer longas caminhadas só, mas companhias faz muito bem, a gente vai andando e batendo papo esquece até das dores e dificuldades no caminho.
As montanhas do Pico do Gavião lá no fundo, Águas da Prata, Andradas no Caminho da Fé, o menino Gabriel e o Amador
Aquele outro velho ditado: "Só, você vai mais rápido, mas acompanhado você vai mais longe".
Juntando mais peregrinos no Caminho da Fé, Águas da Prata - Andradas
Vamos seguindo a peregrinação naquelas belas paisagens vista lá do caminho, a nossa direita a enorme montanha do Pico do Gavião, onde passei lá atrás na entrada que da acesso, algumas pessoas saem do caminho para ir até lá no pico, aumenta algumas quilometragens e é bem puxada a subida.
Preferi não ir dessa vez e seguir o Caminho da Fé.
A nossa esquerda, uma plantação de Oliveira, conheci nesse dia as árvores das azeitonas.
Cuidado com a água, entre Águas da Prata e Andradas não tem ponto de apoio e é bem longo.
Esse trecho do caminho da Fé, entre Águas da Prata e Andradas praticamente não tem ponto de apoio e é bem longo, então fica atento na água e levar um lanche, uma fruta, para hidratação e repor as energias, encontramos um local de carimbo, que era para ser um ponto de apoio, mas pareciam que não queriam nos atender, sem nada para comer, pediram para fazer um pão com ovo ou um lanche rápido e não quiseram fazer, então carimbamos e voltamos para o caminho.
Vamos seguindo e nesse momento tenho o Amador como companhia, uns ficaram para trás, outros estavam a frente, alguns pararam nos carros de apoio, que logo encontramos a frente.
Esse grupo com carros de apoio, tinham mais de 50 pessoas, quando passamos sentimos o cheiro de alho, estavam preparando o almoço.
Avistando lá no fundo entre as serras, a cidade de Andradas - MG, Caminho da Fé
Até aqui nesse ponto, o caminho se mostrou um caminho normal para mim, comparando as caminhadas que costumo fazer na minha região, um belo caminho, algumas subidas pesadas, mas tranquilo.
Agora já se vê a cidade de Andradas lá longe, como é gratificante essa visão, mesmo sabendo que a cidade esta longe ainda, mas se anda muito sem ver sinal de cidade, por todo o caminho entre serras, nas estradas de terra, entre matas, pastos, riachos(Amo estar nesse meio rsrs), então a gente avista a cidade lá longe e sente aquela boa sensação de estar chegando.
A primeira descida forte, muito inclinada, Águas da Prata, Andradas, Caminho da Fé
Desse ponto para frente se inicia o primeiro grande diferencial do caminho, uma descida muito íngreme, aquelas que eu ouvia dizer e que aqui na minha região não tem igual, muito inclinada mesmo.
Mas vou descendo, o Amador com mais experiência some na minha frente, eu vou descendo de boas, mas descer de boa a gente tem que ir tipo freando, onde comecei a sentir dores nas pontas dos pés, precisei mudar a estratégia, como vi o Amador descer na verdade até no trotinho em certas partes, parei de segurar e passei a andar mais rápido, mas tem que ter muito cuidado, pois é fácil tropeçar e sair rolando descida abaixo, senti os dedos dos pés mais aliviados, descer freando dói os dedos, a panturrilha e até o joelho.
Mas no final dessa ladeira braba kkkkk, tem um ótimo ponto de apoio, o Rancho das Cachoeiras, que também é pousada, acredito que já eram mais de meio dia quando chegamos.
Almoço no Rancho das Cachoeiras, Caminho da Fé
Um lugar bem gostoso, com um fogão de lenha, com galinha caipira, torresmo, carne e outras delícias.
Eu já tinha comido antes um lanche e uma banana, fiquei pensando e com medo de almoçar e me dar moleza ou até desandar a barriga, sempre almocei no final de minhas caminhadas, então fiquei meio assim, Amador já fez o prato dele, pediu uma cerveja e me ofereceu, eu disse: Se eu tomar uma cerveja agora, ai vou ter que ficar por aqui kkkkk, nossa mas aquele fogão de lenha me chamou só pelo cheiro.
Peguei um pouquinho para comer pouco, mas não teve jeito, tive que voltar e repetir o prato, qualquer coisa a gente cai pro mato kkkkk.
Almocei e caminhei de boa, nada de anormal.
E ali conheci o casal Dirceu e Renata.
Bucho cheio, bora voltar para a caminhada, ainda tem muito chão pela frente, então eu e o amigo Amador saímos sentido a cidade de Andradas.
Primeiro almoço do Caminho da Fé e primeira esquecida do cajado kkkk, já tinha andado uns 500 metros e senti falta do cajado, bora voltar buscar, ali estava perto, voltei e o Amador seguiu.
Quando estava chegando no Rancho das Cachoeiras, vi o Dirceu saindo com o cajado para me entregar, kkkk, agradeci e continuei.
Avistando a linda cidade de Andradas lá do alto, agora mais perto, Caminho da Fé
Andradas estava cada vez mais próxima, agora caminhando com outra turma diferente e firme no objetivo.
288Km faltando para Basílica de Nossa Senhora Aparecida, Caminho da Fé, Andradas
E logo chego na cidade, uma turma parou em um ponto de apoio bem na entrada da cidade, eu resolvi continuar em busca da pousada Hospedaria Mansão da Rebeca, vou seguindo pelo GPS a localização que o Gilson me enviou.
Logo passo por mais uma plaquinha, marcando 288Km faltando para Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
Primeiro dia do Caminho da Fé Concluído, agora descansar na Mansão da Rebeca
Bora encontrar a pousada e descansar, renovar as energias para o outro dia, então passo pelo centro, por trás da igreja matriz e chego na Hospedaria Mansão da Rebeca, um casal muito simpático me recepciona, vou cumprimentando o Gilson a Rebeca, ai ela me fala, eu não sou a Rebeca, sou a Claudia, pensei quem será a Rebeca kkkkk, Rebeca é a cachorra que da Nome a pousada.
Enfim, primeiro dia concluído nas bênçãos de Deus e de Nossa Senhora Aparecida, bora editar vídeos e descansar, pois amanhã tem mais.
